No
Ceará
A coordenadora do curso
de Oceanografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Lidriana Pinheiro
reconhece que uma elevação da ordem de 80 centímetros no nível do mar
potencializaria o processo erosivo que já acomete parte da nossa costa, a
exemplo do que ocorre em praias como Iparana, Pacheco e Caponga, por exemplo.
Segundo
suas informações, o processo existente depende tanto de fatores naturais, como
a flutuação no nível do mar e a própria morfologia da costa; quanto de origem
antropogênica (atividades humanas), com o barramento de rios que impede o
transporte natural dos sedimentos e o avanço urbano em direção à área de
praias. “É claro que o foco de erosão não se dá de uma forma só ao longo do
litoral. Onde tem falésia, por exemplo, é diferente de onde não tem”, explica.
A professora alerta quem, diante dos prognósticos, é necessário que planos de
ordenamento e gerenciamento urbanos de cidades litorâneas incluam a convivência
com a erosão costeira para evitar a destruição do patrimônio material e
histórico local. “As obras e expansões urbanas nessas áreas precisam atentar
para os cenários futuros, mesmo que ainda haja controvérsia em relações a essas
previsões na comunidade científica”, afirma.
No
Brasil
Em nosso país, a
previsão levanta uma discussão sobre o futuro de milhares de cidades que ficam
no litoral. As mais vulneráveis já foram mapeadas por pesquisadores
brasileiros, já que o País tem um imenso litoral com mais de oito mil
quilômetros de praias. O mais completo estudo já feito no Brasil sobre os
impactos da elevação do nível do mar revela que 40% das nossas praias são vulneráveis.
Manguezais, dunas, áreas de baixada e cidades densamente povoadas próximas de
estuários como Rio de Janeiro e Recife oferecem menos resistência ao mar.
Setenta e um
pesquisadores assinam o relatório feito no País em 2006. O estudo detalha os
impactos previstos em 16 Estados. “O Brasil tem vulnerabilidade ao longo de
todo o litoral, de forma pontual”, disse o professor da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), Dieter Muhe, coordenador do estudo, em entrevista à TV
Globo. Segundo o professor, já existe uma recomendação do governo federal de
que toda nova construção em área urbana deve ficar a uma distância mínima de 50
metros da praia, exatamente do ponto onde termina a areia. Nas regiões
desocupadas, a distância mínima deve ser de 200 metros.
O principal fenômeno
por trás do aumento do nível do mar é o fato de que a água aumenta de volume
quando está mais quente e os oceanos absorvem boa parte do calor aprisionado na
atmosfera. “A expansão termal é a maior contribuição para o aumento futuro do
nível do mar, sendo responsável por 30% a 55% do total, com a segunda maior
contribuição vindo das geleiras”, afirma a versão preliminar do sumário
político do documento. O texto destaca, ainda, que “há alta confiabilidade em
que o aumento do derretimento da superfície da Groenlândia vai exceder a
elevação da queda de neve, levando à contribuição positiva (aumentou do nível
do mar)”.
De acordo com
estudos mais recentes, as calotas da Groenlândia e da Antártica teriam
contribuído em pouco menos de um terço da elevação do nível do mar há 20 anos.
O resto se distribui entre a dilatação térmica e o derretimento das geleiras de
montanhas. Nas pesquisas, leva-se mais em consideração um fenômeno
insuficientemente conhecido em 2007: o deslizamento nos mares das geleiras
costeiras da Groenlândia e da Antártica, detalhou Cazenave, co-autora, como em
2007, do capítulo sobre o mar do novo relatório do IPCC. Um dos problemas por
trás dessas projeções, no entanto, é que o balanço do derretimento e da formação
de gelo na Antártida ainda é difícil de prever.
FONTE: Diário do Nordeste
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