O estuário dos Rios Timonha/Ubatuba apresenta a maior e mais conservada área de manguezal remanescente do Ceará e uma das maiores ilhas estuarinas do nordeste, a Ilha Grande. Tem sua nascente na Serra da Ibiapaba e sua Foz no Oceano Atlântico
Localizado na divisão litorânea dos estados do Piauí e Ceará, a 400 km de Teresina e a 500 km de Fortaleza, o estuário dos rios Timonha e Ubatuba é um dos principais berçários de peixes e crustáceos da região e reduto para espécies marinhas brasileiras em extinção ou sobrepesca, como o peixe-boi marinho, a tartaruga marinha e o mero. O estuário integra a Rota do Atlântico para aves migratória que vêm de outros continentes em busca de alimentos. O conjunto de biodiversidade abrange os municípios de Cajueiro da Praia, no Piauí, Chaval e Barroquinha, no Ceará – região que tem como principal atividade econômica a pesca e a cata de mariscos. Procurado por visitantes que desejam lugares inexplorados e o encontro com a natureza em sua essência em locais preservados, o lugar é cercado de mangues e praias de águas doces e salgadas.
Em determinadas épocas do ano é possível observar animais marinhos como o peixe-boi, no observatório em Cajueiro da Praia – que fica no coração do estuário. O lugar atrai ainda viajantes aventureiros que se encantam com atividades como tracking, safari pelas ilhas do estuário e passeios de barco pelo rio e pelo mar, além do mergulho em águas mornas e transparentes. O estuário fica a 8 km da praia de Barra Grande e faz parte da conhecida Rota das Emoções – roteiro que liga três estados do Nordeste brasileiro: Ceará, Piauí e Maranhão. O estuário está dentro da Área de Proteção Ambental Delta do Parnaíba e é preservado por diversas entidades governamentais e do terceiro setor, que realizam projetos de pesquisas e atividades de consumo sustentável e educação ambiental nas comunidades – entre eles o Pesca Solidária, que trabalha para que as comunidades desenvolvam sua atividade pesqueira em equilíbrio com o meio ambiente.
Formas de pesca predatória nos rios Timonha e Ubatuba
Uma das práticas proibidas na pesca, a “batedeira”, que consiste em lançar a “caçoeira” e depois bater na água para espantar os peixes na direção da rede, está assumindo outra forma de acontecer: às vezes os pescadores batem os remos no fundo da canoa para fazer barulho e espantar o peixe e em outras vezes, utilizam a própria rabeta (motor pequeno de popa preso à haste do leme) para bater na água e criar o mesmo efeito.
Essa prática é condenada por muitos pescadores e marisqueiras que argumentam que os peixes acabam se afastando, prejudicando outros pescadores, embora possa ter beneficiado aquele que se utiliza da técnica. Outras pescas predatórias (pesca com bomba ou de arrasto cobal não têm sido vistas. A pesca com bomba é extremamente danosa ao ambiente do rio, pois destrói todo o nicho ecológico ao alcance do artefato explosivo, seja a flora ou a fauna aquática que o constituem. Segundo os pescadores, esse tipo de pesca é realizado por pessoas que tem mais recursos e que não são pescadores artesanais.
Já a pesca de arrasto cobal é uma pesca feita com rede de malha de nylon trançada, extremamente resistente, com um espaçamento muito pequeno entre os pontos de cruzamento. Ela é lançada de uma margem a outra do rio, fechando todo o curso de água e arrastada por canoas, levando todo o sedimento do fundo dos rios. Em sua malha, são capturados tanto peixes grandes como pequenos, causando um grande impacto junto aos estoques pesqueiros por dificultar a reprodução das espécies capturadas. Por outro lado, ao arrastar o sedimento do fundo dos rios, essa técnica de pesca termina por remexer todo o habitat de algas e fauna aquática que vive nesse local e que possui um papel fundamental na cadeia alimentar do estuário.
Peixes-boi marinhos no litoral
A população de peixes-boi marinhos está aumentando no estuário dos rios Timonha e Ubatuba entre os estados do Piauí e Ceará. A preservação da espécie em extinção foi observada por biólogos em pesquisa no trecho que vai de Cajueiro da Praia (PI) e Chaval (CE). A estimativa populacional do peixe-boi é de menos de 500 no Brasil, sendo extinto nos estados do Espírito Santo, Bahia e Sergipe. O estuário dos rios Timonha e Ubatuba abriga uma população de peixes-boi marinhos ainda pouco estudada. Os peixes boi apresentam baixa taxa reprodutiva. Os machos atingem a maturidade sexual quando possuem idade de 2 a 3 anos, sendo que as fêmeas vão atingir a maturidade sexual entre 3 a 5 anos. Na maioria dos casos a gestação ocorre nas fêmeas quando estas atingem cerca de 7 anos de idade. As fêmeas podem gerar um filhote a cada 2 a 3 anos, podendo gerar crias gêmeas, porém é um caso raro.
Tartaruga marinha
A atuação do homem no meio ambiente tem interferido diretamente na seleção das espécies por meio da extinção. Isso ocorre geralmente por conta dos habitats que são destruídos, exploração de recursos naturais e introdução de espécies exóticas fora de seus locais de origem, as quais não conseguem se habituar às diferentes condições de vida e morrem.
No caso das tartarugas marinhas, a extinção ocorre por conta da poluição das águas. Garrafas pet, plásticos e demais objetos são jogados nos mares, poluindo a água e provocando asfixia em animais marinhos. Acidentes com derramamento de petróleo também os atingem além da caça e pesca ilegais.
No Brasil existem cerca de cinco espécies de tartarugas marinhas e quatro delas estão em processo de extinção. Isso acontece porque as espécies cabeçuda, de Pente, Oliva e de Couro desovam em locais próximos ao litoral, em que a ação do homem é maior, colocando-as em risco. Já a Tartaruga Verde não está em situação de perigo, pois sua desova acontece em locais onde a ação predatória do homem é mais controlada.
Nessas condições, são poucas as tartarugas que conseguem atingir a idade adulta, momento em que acontece o acasalamento e a desova, portanto a reprodutividade torna-se difícil.