domingo, 1 de outubro de 2017
HISTÓRIAS DE BITUPITÁ POR ODÊMIO DO PIMPIM
O Pulo da Tainha
Conversa de pescador é bom demais. A gente enche logo a boca dágua. E quando o peixe é Tainha. Meu Deus do Céu, chega as tripas ficam batendo palmas, é ou num é? Claro que é!
Alguém começa falando que a melhor forma de comer tainha é assada na brasa, aí vem outro e diz: - se näo tiver farinha dágua num presta. Com uma gelada né? - Claro, tem qui ter - senäo num tem graça! A conversa fica animada quando aparece um mentiroso. - E tá na época de pescar tainha? Tá, e no mangue só tem tainha grande! - Pense no tamanho da bichona! Aí ele abre os braços e vai logo comparando: - o Zé Urubu pegou uma tainha desse tamanho, ó? - Foi mermo macho? - Num tô dizeno, cara! - Ele passou um mês comendo dela, sabia? - E ainda mandou pra Sônia, a filha dele que mora em Fortaleza! - Rapaaaaz, entäo era grande mermo ó! - Era macho, até eu cumi!
Pescaria de Tainha:
É feita da seguinte forma: uma rede fica esticada no fundo do rio de uma márgem á outra, no sentido vertical, e outra rede na superfície, aberta na horizontal. A tainha vem acompanhando a correnteza da maré e quando tenta livrar-se da rede que está esticada no fundo do rio, com um pulo, näo consegue ultrapassar, e cai dentro da outra, ficando enroscada em suas malhas.
Detalhe da tela:
Local - Mangue da Mata Fome - Camboa de Todos os Santos.
Canoeiros - Zequinha do Palête, de blusa vermelha, e o Serra, de blusa branca.
Proprietário das redes e exímio pescador de tainha - Antônio José do Pimpim, amarrando uma estaca no meio do rio.
Cozinheiro - Antônio da Graça.
Auxiliares - Cabeça, de cócoras dentro do mato, fazendo aquilo que só ele podia fazer, e o Odêmio do Pimpim, deitado no chäo cheio de formigas, porque o tucum estendido na sombra de uma árvore era do paträo.
Nota: no detalhe - uma tainha consegue ultrapassar a rede num pulo sensacional.
óleo sobre tela: 80 cm x 60 cm.
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