domingo, 15 de dezembro de 2013

ALUNOS APRENDEM A CUIDAR DOS MANGUES EM BITUPITÁ



                      Em Bitupitá, há 30 quilômetros da sede deste município, funciona o Projeto Jovens Protetores do Mangue, implantado há 15 anos em uma escola municipal. A iniciativa foi responsável pela recuperação de grande parte da área nativa, que hoje já se encontra com 90% do mangue preservado. A cidade é, atualmente, a única da Zona Norte que faz parte do Pacto Ambiental da Região do Inhamuns.
                       A Escola de Ensino Fundamental Santa Adelaide foi a primeira a receber o Projeto Jovens Protetores do Mangue e a primeira geração já tem filhos que dão continuidade no distrito. São oficinas, palestras, aulas de campo em contato direto com o mangue, onde são passadas as informações e importâncias sobre a preservação. Segundo o diretor da escola, Francirlo Mesquita, as crianças são muito receptivas e os principais agentes de modificação. "Elas estimulam os pais a darem continuidade, são entusiasmadas e sabem da importância do mangue, que é o berço de várias espécies", destaca.
                      Atualmente, são 25 crianças entre dez e 13 anos que trabalham diretamente com plantação e proteção da vegetação. Natural de Bitupitá, Francirlo diz que hoje pode se observar a evolução da educação ambiental da população. "Antes, a população usava a madeira do mangue para construção civil, como casas e cercas, além de jogar lixo em locais indevidos. Hoje isso se tornou uma raridade", frisa.
Ele conta ainda que as crianças contagiam toda a comunidade, sendo que até a arborização da cidade foi resultado de parte desse projeto. "Anos atrás foi feita uma passeata com distribuição de mudas e conversas porta a porta com os moradores. Quando paramos para conversar, eles contam que os filhos têm modificado alguns comportamentos da família a fim de proteger o meio ambiente".

Resultados
                      O diretor afirma que esse trabalho de conscientização é lento, mas já podem ser vistos os primeiros resultados e está fixo dentro da escola. "Há 17 anos a escola bate na mesma tecla e a educação e conscientização está melhorando gradativamente. Alguns anos atrás a proximidade do mangue salgado era cheio de lixo e isso já mudou", revela.
                      O distrito com cerca de cinco mil habitantes tem como principal fonte de renda o emprego público, comércio local e pesca artesanal nos currais a mar aberto. O ambientalista e idealizador do projeto Jorge de Moura, também responsável pelo pacto da região dos Inhamuns, destaca que nesses quase 20 anos em que ele frequenta Bitupitá o crescimento e melhora do mangue foi além da expectativa. "Houve uma mudança radical em relação a visão dos moradores com o mangue. Os impactos sociais são visíveis. Antes a questão da pesca era escasso, já hoje a própria população pesca de forma estável no mangue. Eles têm consciência da importância desse berçário", diz Jorge.
                       O mangue é protegido hoje pela Lei 12 651 de 2012, que considera Área de Preservação Permanente os manguezais, em toda a sua extensão e garante que a vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da área independente de ser poder público ou privado.
                       O estudante Erick de Aguiar Brandão foi pela primeira vez ao mangue na última segunda-feira. "Estou gostando muito do projeto, quero fazer tudo pra ajudar na hora de preservar o local". Essa também é a primeira vez em que ele participa de um projeto ambiental. "Não gosto dessas pessoas que machucam as plantas, acho maldade e não quero que aconteça mais", ressalta.

                        A educadora Lúcia Helena Pinto participou da implantação em 1997 do projeto, quando 150 alunos escolhidos foram os primeiros a ter contato com o projeto. "O projeto iniciou com os mangues, alvo principal do Jorge, que buscava protegê-lo. A cultura da população foi um dos nossos grandes desafios, já que era costume na época de São João cortar madeira do mangue para fazer grandes fogueiras".
                       Nessa época ela destaca que se via o mangue sumindo dia a dia. "Com essa urgência a escola abraçou a causa e partiu com toda vontade no processo de conscientização. Fizemos um mutirão para plantar mudas de mangue cedidas pelo Jorge, conhecidas como canetinhas". Hoje ela avalia que os resultados foram os melhores possíveis. "Hoje eu observo os pais de família passando a responsabilidade ambiental para seus filhos".
                       Em 2009, a campanha adote uma árvore foi lançada com Lucia Helena como idealizadora. Mudas foram cedidas pela Secretaria de Meio Ambiente do Município e todas as famílias plantaram na frente das casas.


FONTE: Diário do Nordeste

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