sábado, 14 de abril de 2012

5ª OBRA: O CHAFARIZ QUE VIROU PRISÃO

Lembro-me como se fosse hoje: - seu Pimpimmmmmm! - Mim tira daqui! - Tô morreno de fooooome! Esse grito, a gente que morava na rua do Comércio, ouvia quase todos os dias. Eu achava ruim quando era madrugada, porque só sobrava pra mim. O papai se acordava, que acordava minha mãe para fazer a comida do preso, que me acordava para levar o prato. Muitas vezes eu fingia que estava dormindo, roncava bem alto, mas não tinha jeito, e lá ia eu morrendo de sono, cheirando arroz com farinha d'água e serra torrado. Quando chegava lá, era um sacrifício "enfiar" por esses buraquinhos. Primeiro, eu amassava com a mão em forma de "capitão", depois, passava de um por um, até que o preso comesse tudo. Meus pais tinham um coração muito bom, eles não faziam distinção de classe, todo mundo era igual. Esse chafariz foi de mil utilidades; era o principal ponto de encontro dos casais de namorados. O mais famoso deles foi o Tié e a Sivalda, eles bateram o recorde de namoro, só aí foram quase sete anos.

Autor: Odêmio do Pimpim

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