Às seis e meia de uma manhã de julho abri a porta de minha casa, como sempre fazia todos os dias, antes do café, e saí com destino a bodega de Dona Nenzinha para comprar rosca de goma. Abri a boca me espreguiçando com as mãos nos quarto: - annnnnnnnnnh! Tinha acabado de acordar. Os primeiros raios de sol começavam a surgir por trás dos coqueiros da Dona Chica de Veras, lá no Salgado. Só consegui dar o primeiro passo. Uma voz grossa e potente ecoou nos meus ouvidos. Parecia que tinha saído de uma radiadora: - sai do mêi minino réi! - Sai, sai! Assustei-me, apertando o dinheiro da rosca com força. Virei o rosto lentamente. Não pude conter um grito de pavor: - aiiiiiiiiiiii! A mesma voz retrucou em minha direção: - ficou doido, foi? - Tá pensando qui eu sou o cão, é? Era a Júlia Sapeca, mais conhecida como "Marcha de Onça", por causa das passadas largas e dos rastos fundos que marcavam o chão, e o jumento "Babau" carregado de verduras. A aparência dela impressionava: pernas arqueadas e de mãos enormes. (...)
Fonte: Odêmio Pimpim
Arte: Odêmio Pimpim
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